Gasene vai interligar malha de gás

Pernambuco poderá receber o combustível proveniente das áreas com maior produção no país
Mirella Falcão
 
A conclusão das obras do Gasoduto Sudeste-Nordeste (Gasene), cujo último trecho foi inaugurado ontem pelo presidente Lula em Catu, na Bahia, vai tornar mais firme a oferta de gás aos grandes empreendimentos de Suape e do Interior do estado. Agora, toda a malha estará interligada do Rio Grande do Sul ao Ceará.
Com isso, Pernambuco poderá receber o combustível proveniente das áreas com maior produção no país, como Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo, do gasoduto Bolívia-Brasil e da futura extração na camada pré-sal. De imediato, a capacidade logística no estado cresce de 2 milhões para 3,5 milhões de m3/dia, podendo chegar a 6 milhões até o fim do ano.
A obra do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) recebeu um aporte de R$ 7,2 bilhões e gerou 47 mil empregos. Com 1.387 km, o gasoduto é o maior em extensão construído no Brasil nos últimos dez anos. Terá capacidade para transportar até 20 milhões de m3/dia e as operações serão iniciadas imediatamente. Nesta primeira etapa, no entanto, a capacidade de transporte será de 10 milhões de m3/dia, podendo ser ampliada por meio de estações de compressão à medida que o mercado cresça.
As obras do gasoduto foram divididas em três trechos: Cacimbas-Vitória (130 km), Cabiúnas-Vitória (303 km) e Cacimbas-Catu (954 km). Os dois primeiros já estavam prontos e em operação comercial. A terceira parte foi inaugurada ontem e recebeu nesta semana autorização da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para começar a operar. Esse era o trecho que faltava para a integração da região Nordeste com a Sudeste. “Agora, toda a malha estará interligada do Rio Grande do Sul ao Ceará”, comenta Jailson Galvão, diretor comercial da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás).
“O país rompe uma fronteira: de um lado, o Sudeste, onde estão situados os principais campos produtores de gás e o maior mercado consumidor, e de outro, o Nordeste, que produz gás natural, mas em quantidade insuficiente para permitir o crescimento do mercado”, afirma o gerente executivo da Petrobras, Antônio Castro. A região contará agora com a produção das bacias de Campos (RJ), Santos (SP) e do Espírito Santo.
“Também terá acesso ao gás da Bolívia e, futuramente, do que for extraído do pré-sal. O Gasene vai oferecer uma oferta mais firme para os empreendimentos de Suape e interior”, acrescenta Galvão. Com a ampliação da obra, a capacidade logística em Pernambuco cresce para 3,5 mil m3/dia. “Quando terminarmos a duplicação da malha Pilar (AL)-Cabo, que terá 200 km, subirá para 6 milhões”, prevê o diretor da Copergás.
O maior beneficiado é o segmento industrial. “Além de prover as que já operam no estado, o Gasene vai contribuir para chegada de mais empresas. Quem sabe não conquistamos uma siderúrgica, uma das carências na nossa região”, defende Antônio Sotero, coordenador da divisão de Petróleo e Gás da Federação das Indústrias de Pernambuco. Atualmente, há 82 indústrias que consomem um volume de 800 mil m3/dia. “Nossa expectativa é de que esse volume cresça mais de 10% em 2010”, diz Galvão.
Fonte: Diario de Pernambuco – Economia – 27/03/2010

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