Gás natural agora viaja de carreta

Mirella Falcão
Finalmente saiu o primeiro contrato para fornecimento industrial de Gás Natural Comprimido (GNC) por meio de carretas aos municípios que estão fora do trajeto do gasoduto. A alternativa vem sendo discutida pela Companhia Pernambucana de Gás (Copergás) há anos e começou a ganhar fôlego com a conclusão da interligação até Caruaru, em dezembro. Ontem, a White Martins oficializou o abastecimento às duas primeiras indústrias a serem beneficiadas: Baterias Moura, localizada em Belo Jardim, no Agreste, e a unidade da Galvanisa de Carpina, na Zona da Mata. O abastecimento através das carretas só é viável até um raio de 300 km, a partir de Caruaru,
A espera pelo gás na Baterias Moura já dura cinco anos. “No início, chegamos a cogitar com a Copergás o abastecimento vindo do Recife. Mas seria muito caro. Com esse gasoduto até Caruaru, o custo do frete se tornou menor”, relata Sérgio Moura, presidente executivo da Baterias Moura. Os benefícios financeiros explicam tamanho interesse: a empresa investiu R$ 1,2 milhão para fazer a conversão dos queimadores para o gás natural, mas só a economia com o combustível neste ano será de R$ 3 milhões. “O que vamos gastar com gás natural é 20% menos do que o custo com GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) e o BPF (óleo de Baixo Ponto de Fluidez) que eram usados nas nossas duas fábricas”, detalha ele. O fornecimento previsto é de 690 mil m3/mês.
O uso do gás natural ainda tem um apelo ambiental. “Não faz fumaça como as outras fontes de queima”, diz Moura. “O custo de manutenção também é muito menor”, acrescenta o diretor industrial da Galvaniza, Robson Cunha. A matriz em Igarassu já era atendida pelo gasoduto. “E essa nova fábrica em Carpina só foi viabilizada por causa do abastecimento com gás natural”, comenta Cunha. Com uma capacidade de 600 toneladas mês, seis vezes maior que as 100 toneladas produzidas em Igarassu, a empresa vai se tornar a quinta maior do país no segmento de galvanização. O consumo mensal da unidade é de 100 mil m3/mês.
As duas indústrias começam a receber o gás a partir de setembro. Agora a expectativa da Copergás, segundo o presidente Aldo Guedes, é que outras duas distribuidoras – CDGN e Mastergás – também firmem contrato. “Esse contrato com a White Martins mostra que é viável transportar o gás de Caruaru através das carretas”, comenta Guedes. Segundo o gerente executivo de gás natural da White Martins, Eduardo Luna, outras dez empresas do ramo de metalurgia, têxtil e alimentos estão sendo prospectadas.
Mas o custo do transporte do gás de Caruaru até essas indústrias só compensa se elas estiverem situadas em um raio de até 300 km, como a Baterias Moura, que está a 60 km, e a Galvaniza de Carpina, a 100 km. Dentro desse raio de atuação, uma possível cliente é a Perdigão, localizada em Bom Conselho, a cerca de 150 km de Caruaru. “Como a Sadia já usa o gás, por causa do gasoduto Recife-Vitória, o grupo também tem o interesse de levar o gás natural para a Perdigão”, comenta Aldo Guedes.
Fonte: Diario de Pernambuco – Economia – 02/07/2010

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