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Carretas vão abastecer com gás natural o polo gesseiro

Projeto piloto pretende estimular empresas da região a optar pelo combustível fornecido pela Copergás
Mirella Falcão
O gás natural é apontado como o único combustível capaz de aliar a sustentabilidade ambiental e o menor custo na produção do gesso, mudando a atual matriz energética no Araripe, hoje 95% baseada na lenha. Várias alternativas estão sendo estudadas para levar o gás para o maior polo gesseiro do país, como a construção de um gasoduto entre Caruaru e Araripina até 2014. Enquanto a interligação não sai do papel, a Companhia Pernambucana de Gás (Copergás) está iniciando um projeto piloto para promover o abastecimento através de carretas. Durante um mês, duas indústrias de gesso da região vão receber o combustível de forma subsidiada. O objetivo é que a experiência estimule outras empresas a optarem pelo gás natural.
Em tese, todas as condições estão reunidas para o início do abastecimento pelas carretas, desde janeiro. O segmento já é beneficiado com uma tarifa verde, isenta de ICMS. Enquanto o metro cúbico do gás será vendido no Araripe com uma tarifa fixa de R$ 0,73, ocombustível tem um custo de R$ 1,01 para o segmento industrial atendido pelo gasoduto. A conclusão das obras da interligação Recife-Caruaru e da central de gás na capital do Agreste também diminuiu a distância a ser percorrida pelas carretas. Mas apesar de todos esses incentivos, ainda há uma grande incerteza entre os empresários em relação ao peso do frete. De outro lado, sem as garantias de consumo, as distribuidoras não colocam em prática o processo de abastecimento pelas carretas.
Para desemperrar o projeto, a Copergás decidiu bancar um piloto com duas empresas escolhidas pelo Sindicato das Indústrias do Gesso (Sindugesso): Newgipso e Gesso Trevo. “Elas possuem dois tipos de fornos distintos. Um com queima direta e outro com indireta. Assim teremos informações mais abrangentes sobre essa mudança na matriz”, comenta Josias Inojosa Filho, presidente do Sindugesso. “A gente não tem noção do consumo de gás na produção de gesso e do custo que teremos com esse gás vindo pela carreta. Com as informações desse piloto, vamos ter mais segurança para assinar um contrato de fornecimento”, diz o empresário Alexandre Arraes, da Newgipso.
A Copergás está prevendo um volume 15 mil metros cúbicos, ou três carretas, para o abastecimento das duas empresas durante os 30 dias do piloto. Segundo Jailson Galvão, diretor comercial da Copergás, as negociações estão avançadas com a distribuidora CDGN para que o abastecimento tenha início no próximo mês. Além dela, há outras duas empresas em análise, a White Martins e a Mastergas. “Nós estamos apostando que essa experiência com as duas empresas vai estimular outras indústrias a optarem pelo gás natural”, afirma Galvão.
Para atingir 5 milhões de toneladas de gesso, volume de produção estimado para 2010, mais de 50 mil hectares são desmatados por ano. No processo de fabricação a partir de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), tem-se um consumo de 15 m3 por tonelada de gesso. “Já se sabe que o poder calorífico do GLP é maior. Para o gás natural ser vantajoso, os fornos precisam usar pelo menos 17 m3 para cada tonelada”, comenta Inojosa Filho, do Sindugesso. Os empresários estão certos de que a mudança de combustível trará ganhos de produtividade em relação a outras matrizes como a lenha, coque ou óleo. “Com o gás natural, a queima ocorre mais rápido. E como a queima não gera cinzas, os gastos com manutenção serão bem menores”, destaca Alexandre Arraes.
Fonte: Diario de Pernambuco – Economia – 20/05/2010

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