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Campeões da persistência

Quando se fala na prática de esportes de alto rendimento, parece que o único sofrimento a ser ressaltado é o dos dias de treino a fio. Mas não é só isso. Trabalhar forte e continuamente, sem ter tempo para nada, às vezes, é a melhor parte. Correr atrás de patrocínio, dormir pouco para encaixar os treinos num cantinho do dia ou passar por perrengues de toda a natureza podem cansar mais. Mesmo assim, quem ama mesmo o esporte persiste. São exemplos de dedicação e paixão pelo que fazem. A seguir, alguns desses personagens.
Marcelo Sá Barreto
É sempre assim: “Painho, vou para as Olimpíadas e para o Mundial”. É o que diz Carolline Gomes ao pai José Gomes Júnior. Não é ideia fixa. Trata-se de segurança. Coisa de quem, aos 12 anos, tem marcas expressivas na natação, como o melhor tempo do Brasil nos 200m livre. De quem recebeu da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos o diploma de “pré-convocada” para as Olimpíadas do Rio, em 2016. O caminho é longo e dispendioso. A saída? Um patrocínio master. Até pouco tempo atrás (antes da Copergás), as portas só se fechavam para Júnior e Carol.
O pai nem se lembra de quantos litros de combustível gastou – no Recife e em cidades vizinhas – em busca de apoio para transformar em realidade o sonho da filha. “Carolzinha é um talento. Se vai chegar numa olimpíada, ninguém sabe. Mas sem as promessas não existem os ídolos de fato”, comenta.
Pior do que levar um “não”, segundo Júnior, é ser observado como quem está ali, diante do empresário, para levar vantagem ou usar o nome de um filho para ganhar dinheiro fácil. A natação é um dos esportes mais caros que existem. E um atleta do nível de Carol, com aspirações olímpicas, tem de receber um investimento alto. Afinal, a alimentação tem de ser de primeira, os suplementos vitamínicos e alimentares custam os olhos da cara, além das despesa médica, psicológica, nutricional…
“Hoje, o custo é de R$ 15 mil”, contabiliza. A filha entende o esforço. “Se não fosse ele, tudo seria mais difícil. Meu pai é o melhor do mundo.” O trabalho continua. Júnior tem como arma um portfólio, com conquistas, matérias jornalísticas e videoteipes dos programas que Carol participou. “O boca a boca é a alma do negócio”, diz. Talvez, por isso, além do recente patrocínio da Copergás, que ajuda demais a menina, contabiliza o apoio de Passira, da Secretaria de Esportes e do Geraldão.
“Ainda sofremos. A luta não para”, lamenta. Mas é melhor do que antes. “As pessoas, agora, nos respeitam.” Nas piscinas, Carol faz o seu, dando alegrias. Este mês, ela ganhou o prêmio de melhor petiz do Estado. Carol merece.
Fonte: Jornal do Commercio – Esportes – 13/02/2010

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