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Térmicas em expansão

EPE prevê a instalação de 10,5 GW de energia térmica até 2023, quase toda a capacidade de usinas a gás natural na região Sudeste.
O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2024) prevê a instalação de 10.500 MW de térmicas até 2024. Elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o documento é apenas indicativo, mas baseia o planejamento energético e os leilões de energia. Desse total, 5.600 MW ainda serão negociadas: a entrada em operação de um complexo termelétrico a gás natural de 1.200 MW e de um bloco de usinas a biomassa com 200 MW anualmente entre 2021 e 2024.
A prioridade é para o gás natural, mas como não há oferta, o espaço está aberto para outras fontes, como o carvão. Nos últimos leilões, três grandes térmicas foram negociadas com geração a Gás Natural Liquefeito (GNL) importado, a partir de terminais a serem construídos pelos próprios empreendedores (veja mais na página seguinte).
O próximo leilão a contratar térmicas é o A-5, marcado para 31 de março. Foram cadastradas 107 térmicas, somando 24,8 GW de capacidade. O objetivo da EPE é que a capacidade nova contratada seja instalada no Sudeste, região que consome a maior parte da energia do país e que vem sendo negligenciada nos últimos leilões, dominados por eólicas, concentradas no Nordeste e no Sul – coincidentemente, as últimas três térmicas leiloadas, somando quase 4 GW de capacidade, também ficam nessas regiões. Além das hidrelétricas, localizadas no norte.
No entanto, como o leilão é nacional e não há incentivos para a localização, a meta pode ficar só na intenção.
São Paulo
O governo de São Paulo tenta atrair empreendimentos para o estado e chegou a reservar uma área, ao lado da térmica Fernando Gasparian (386 MW), na capital. O terreno, de 120 mil m2, tem espaço para a instalação de seis lotes onde cada empresa poderá instalar até 250 MW. A Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) abriu licitação no ano passado e recebeu propostas de 15 companhias, somando mais de 10 GW. Já existe capacidade nos gasodutos da Comgás para escoamento de 5 milhões de m3, restando acertar o suprimento.
Alguns empreendedores trouxeram opção de injetar GNL na rede da Comgás, via terminais e gasodutos da Petrobras, mas para tanto seria necessário regulamentar as operações de swap pela ANP. Até o fechamento da edição, a regulamentação não havia sido publicada.
Os grandes projetos de térmicas a GNL
Sem gás natural disponível no país, o GNL dominou a cena nos últimos leilões, com a negociação de três usinas, somando 4 GW de capacidade. O Grupo Bolognesi negociou de uma só vez duas térmicas no A-5 de 2014, após um hiato de mais de dois anos na contratação de usinas a gás. Com 1.238 MW cada e negociadas a R$ 206,50/MWh, as plantas serão construídas no Rio Grande (RS) e em Suape (PE), abastecidas por GNL, regaseificado em dois novos terminais, num investimento estimado à época em R$ 6,6 bilhões. Os terminais terão capacidade de 14 milhões de m3 por dia cada.
A empresa fechou contratos de EPC com a GE e a Duro Felguera para a instalação das usinas em modelo turn key. As licenças de instalação estavam programadas para setembro passado, mas até o fim de janeiro não haviam sido emitidas. O cronograma original prevê que as usinas entrem em operação em janeiro de 2019, mas já está atrasado em quatro meses.
GenPower
Em 2015, a GenPower negociou no A-5 a térmica Porto de Sergipe I, de 1.515 MW, no consórcio GPE Sergipe, formado também por Golar e Ebrasil. O empreendimento deve receber R$ 3,2 bilhões em investimentos, incluindo um terminal de regaseificação de 12 milhões de m3/dia. A empresa fechou contrato de longo prazo com a Shell para fornecimento do GNL. O projeto prevê ainda a instalação de duas outras usinas, com 713 MW cada, que devem ser colocadas nos leilões pela empresa.
Carvão corre por fora
Após seis anos no ostracismo, as térmicas a carvão voltaram aos leilões de energia em 2014, com a UTE Pampa Sul, da Tractebel. A planta marca a retomada da fonte e pode ser o primeiro de outros empreendimentos desse tipo a ser negociado em leilão.
A primeira parte da usina, com 340 MW, foi viabilizada com preço de R$ 201,98 MWh e investimentos de R$ 2 bilhões no leilão A-5. É prevista ainda uma segunda fase, também de 340 MW, a ser negociada.
A planta ficará em Candiota (RS), onde está a maior jazida de carvão mineral do país. A Seival Sul Mineração, controlada pela Copelmi, vai fornecer o combustível, até o máximo de 235 mil t por mês.
Pampa Sul, que recebeu licença de instalação em junho passado, terá uma caldeira do tipo Leito Fluidizado Circulante (em inglês, Circulating Fluidized Bed – CFB), que emite menos gases de efeito estufa e é considerada mais limpa que as tradicionais. A tecnologia será fornecida pela chinesa SDEPCI. A expectativa é que fique pronta em janeiro de 2019.
A Tractebel já tem 929 MW de térmicas a carvão mineral em operação, com o complexo Jorge Lacerda (857 MW) e Charqueadas (72 MW).
Biomassa é deixada de lado pelo planejamento
Com apenas 800 MW em novos projetos previstos até 2024, as térmicas a biomassa ganharam pouco destaque no Plano Decenal. O setor luta para que sejam adotados preços mais competitivos nos leilões, mas o governo tem resistido em favor de fontes mais baratas como as eólicas.
Uma esperança dos empreendedores são os projetos voltados ao mercado livre e para o consumo próprio, que têm crescido nos últimos anos devido à alta das tarifas.
 
Fonte: Brasil Energia (Abegás)

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